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O problema oculto da natação: como os treinadores acidentalmente trocaram a fisiologia pela logística

O problema oculto da natação: como os treinadores acidentalmente trocaram a fisiologia pela logística

Publicado em 22 de julho de 2025


Introdução

Por muitos anos, um método comum de treinamento de natação existiu para resolver um problema logístico: piscinas lotadas. Esse método é o intervalo de descanso agrupado, em que os nadadores iniciam cada repetição em um intervalo de tempo fixo (um conjunto de tempo ativo mais descanso). Essa era uma solução eficaz para gerenciar um grande número de nadadores simultaneamente, mas criou um conflito entre o gerenciamento conveniente da piscina e os princípios da ciência fisiológica.

Hoje, esse conflito tem novas consequências, especialmente no treinamento moderno que utiliza dados e inteligência artificial (IA). A prática de agrupar o descanso cria um problema fundamental com a qualidade dos dados. Como o tempo real de descanso de um nadador entre as sessões de natação não é registrado, o histórico de treinamento de um atleta se torna impreciso e enganoso. Isso significa que o esporte coleta grandes quantidades de dados, mas não consegue usá-los para gerar conclusões confiáveis.

Isso é mais do que um problema técnico; também afeta negativamente o desenvolvimento do atleta, causando fadiga e esgotamento desnecessários. É hora de questionar esse método de treinamento padrão e adotar uma abordagem mais intencional e científica para a variável mais importante para a melhoria: o descanso.

A História de Burnout de um Nadador

Cresci na cultura da natação "sem dor, sem ganho", onde a exaustão era tratada como a principal medida de sucesso. Para ser claro: uma melhora significativa exige esforço intenso, e um atleta deve estar disposto a se esforçar para atingir seu potencial. No entanto, há uma diferença muito grande entre a dor necessária de ultrapassar seus limites e o sofrimento evitável causado por uma sessão de treinamento mal planejada. Esse sofrimento evitável — que resulta de um planejamento ruim, não da falta de determinação — é a fonte de muitos problemas em nosso esporte.

Sinceramente, não me lembro de uma época em que não estivesse cansado. Eu adormecia na aula, cochilava enquanto fazia a lição de casa e pedia mais cinco minutos de sono a caminho do treino matinal. Essa exaustão constante era resultado direto do meu treinamento na piscina. Quando eu era um nadador mais lento na minha raia, cada repetição era um esforço desesperado para recuperar o atraso, o que significava que eu sacrificava meu tempo de descanso para permanecer com o grupo. Quando finalmente me tornei o nadador mais rápido na raia, o tipo de pressão mudou; Eu tinha mais tempo de descanso, mas me sentia compelido a nadar mais rápido do que a intensidade planejada para manter a liderança. Eu acreditava firmemente que, para vencer uma prova, o nadador deveria sempre ser o líder do treino.

Eu sobrevivi a esse sistema de treinamento e ainda amo o esporte, mas muitos dos meus promissores companheiros de equipe não. Suas carreiras foram encerradas por fadiga constante, lesões evitáveis e as consequências físicas do excesso de treinamento.

Anos depois, minha formação em Ciências do Esporte conectou minha experiência pessoal a uma nova compreensão profissional. À medida que passei de atleta a treinador de uma equipe com habilidades diversas, comecei a ver esse método de treinamento há muito estabelecido sob uma nova perspectiva. Comecei a questionar se nossos métodos eram realmente projetados para produzir os melhores resultados fisiológicos ou se eram simplesmente um compromisso aceito por todos. Medimos o volume e a intensidade da natação com alta precisão, até o metro e a fração de segundo, mas tratamos o descanso como uma parte inconveniente do cronograma.

Essa variável negligenciada é o ponto central da história — uma história que não é exclusiva minha, mas que resultou de um acordo firmado em todo o esporte.

Quando a Logística Se Sobrepõe à Fisiologia

O intervalo de descanso agrupado não foi criado por cientistas do esporte; foi uma solução prática para um problema. À medida que os grupos de treinamento se tornavam maiores e mais diversificados, enquanto o espaço da piscina permanecia limitado, os treinadores precisavam de uma regra de cronometragem para manter muitos nadadores em movimento de forma organizada. A solução foi o intervalo de repetição, por exemplo: "10 × 100 @ 1:40 — todos saem ao sinal sonoro". Isso resolveu um problema difícil de gerenciamento para o treinador, mas criou um problema fisiológico. Combinava os períodos de trabalho e recuperação em uma única unidade, o que tornava o período de descanso a parte que poderia ser sacrificada.

Essa conveniência tem uma consequência negativa significativa, muitas vezes invisível: cria uma grande lacuna nos dados de treinamento. Ao tratar o descanso como uma variável aleatória e não registrada, os dados de treinamento resultantes tornam-se fundamentalmente não confiáveis. Esta é uma falha crítica no treinamento moderno baseado em dados.

Essa ideia não é nova, mas não é amplamente compreendida ou aplicada. Daniel L. Carl, Ph.D., escreveu um artigo no SwimSwam que explicou esse problema em detalhes: treinadores de natação frequentemente usam intervalos de repetição como solução logística, mesmo quando esse método compromete os objetivos fisiológicos do treinamento.

A seção de comentários desse artigo também é bastante reveladora. As respostas são variadas: alguns treinadores desconhecem o problema, outros o reconhecem, mas poucos oferecem soluções práticas. Isso reflete com precisão a situação atual da comunidade da natação: o problema é real e conhecido por alguns, mas permanece em grande parte sem solução na prática.

Este ano, o treinador Brett Hawke forneceu uma rara confirmação real desse problema. Enquanto preparavam o campeão de velocidade James Magnussen para os "Enhanced Games", eles adicionaram treinos pesados de academia às sessões de alta intensidade na piscina sem aumentar o tempo de recuperação. Como resultado, o progresso de Magnussen parou. A honestidade pública de Hawke sobre isso foi notável. Isso deu início a uma discussão que muitas pessoas no esporte evitam, por acreditarem erroneamente que o overtraining não é um fenômeno real (Abnormal Podcast, 2025).

Então, por que um método baseado em conveniência é tão comum na natação de alto desempenho? A justificativa usual é que é "justo" para uma raia com nadadores de diferentes níveis de habilidade. Ironicamente, essa diversidade de habilidades é o argumento mais forte contra a combinação de descanso. Quando atletas mais rápidos e mais lentos compartilham um tempo fixo de saída, um pode descansar por cinquenta segundos, enquanto outro descansa por apenas vinte. Essa diferença no descanso não tem base fisiológica.

A pesquisa é muito clara: mesmo pequenas mudanças no tempo de descanso alteram a resposta do corpo ao exercício. Encurtar deliberadamente os períodos de descanso aumenta o uso do metabolismo aeróbico pelo corpo e dificulta a recuperação da fosfocreatina, que é o combustível do corpo para a potência explosiva (Laursen & Buchheit, 2019). Por exemplo, adicionar apenas dez segundos de descanso pode restaurar significativamente a potência máxima, pois permite que essas vias anaeróbicas se recuperem mais completamente (Laursen & Buchheit, 2019). Quando o tempo e a distância da natação são fixos, é o período de descanso que muda. Isso faz com que os atletas alternem imprevisivelmente entre os sistemas de energia, o que prejudica o objetivo do conjunto de treinamento.

Os efeitos negativos são generalizados. As consequências diretas são a diminuição da potência do atleta, os períodos sem melhora duram mais e as taxas de lesões ou doenças aumentam. As consequências indiretas são ainda mais sistêmicas. Os nadadores ainda se sentem cansados em suas vidas fora da natação, o que afeta seus estudos, empregos e vida familiar. Os treinadores ficam com dados de monitoramento imprecisos, o que leva a decisões equivocadas sobre treinamentos futuros. Mais crítico para o futuro do esporte, essa prática cria um problema fundamental com a qualidade dos dados. Como análises recentes têm explorado, históricos completos de treinamento se tornam pouco confiáveis porque a variável mais importante — o tempo real de recuperação — nunca é registrada com precisão. O resultado é um esporte que possui grandes quantidades de dados, mas não consegue extrair deles conhecimento significativo (Wise Racer, 2025).

A Ciência do Descanso: Compreendendo a Terceira Variável no Treinamento

Quando os treinadores planejam um treino, eles normalmente se concentram na distância e no ritmo. No entanto, nenhuma dessas variáveis produzirá o resultado desejado a menos que o corpo tenha tempo suficiente para se recuperar e se adaptar ao estresse do treinamento. A recuperação não é um processo único. Em vez disso, é uma combinação complexa de diferentes processos energéticos, estruturais e regulatórios, e cada um deles opera em seu próprio cronograma único. Se um plano de treinamento não respeitar esses diferentes cronogramas, o objetivo pretendido de uma sessão e a adaptação real que o corpo faz serão muito diferentes.

A ciência do esporte fornece muitos métodos para prescrever a intensidade do exercício, mas a prescrição do descanso continua sendo uma área de estudo negligenciada. Essa supervisão se torna mais crítica durante o treinamento de alta intensidade, pois esforços acima do limiar de lactato utilizam intensamente os sistemas de energia anaeróbica, que esgotam seu combustível rapidamente. Portanto, quanto mais rápido um atleta nada, mais importante se torna uma recuperação precisa.

A quantidade de recuperação é um fator primordial que determina qual sistema energético o corpo utiliza e como ele se adapta ao treinamento. Ao não controlar o período de descanso, os treinadores perdem involuntariamente o controle sobre vários fatores-chave. Isso inclui qual sistema energético é dominante, a disponibilidade de combustível (substratos), o acúmulo de fadiga e a dinâmica do VO2. Isso significa que o atleta pode não estar treinando na zona fisiológica pretendida.

Para entender por que isso acontece, precisamos considerar mais do que apenas um sistema energético. O corpo não depende de uma única fonte de energia, como um carro com um motor e um tanque de combustível. Em vez disso, o corpo possui um conjunto de sistemas interconectados que fornecem energia para o movimento em conjunto, em um continuum. Cada um desses sistemas é estressado pelo exercício e, em seguida, reparado de acordo com seu próprio cronograma específico. A tabela abaixo resume informações da literatura científica atual sobre esses cronogramas de recuperação.

Sistema/SubstratoTipo de Estressor PrincipalDuração da RecuperaçãoNotas PrincipaisReferências
Fosfocreatina (Sistema ATP-CP)Anaeróbica~3–5 minutos (65% em 90s, ~95% em 6 min)Ressíntese bifásica (rápida e depois lenta) crítica para o planejamento do treinamento intervalado; o condicionamento aeróbico acelera a recuperação.(McMahon & Jenkins, 2002; Bogdanis et al., 1996; Dawson et al., 1997)
Glicogênio Muscular e HepáticoAeróbica e Anaeróbica24–48 horas (24-36h para restauração completa com nutrição adequada; mais tempo após volume muito alto)Ressíntese bifásica (rápida e independente de insulina, mais lenta e dependente de insulina); "hora mágica" crucial para reposição rápida.(Burke et al., 2017; Ivy, 1998; Jentjens & Jeukendrup, 2003; Burke et al., 2004; Aragon & Schoenfeld, 2013; Betts et al., 2010)
Músculo EsqueléticoAnaeróbico (intenso/excêntrico)24–72 horas (dependente da idade: adolescentes 24-48h, meia-idade 48-72h, idosos 4-7 dias)A recuperação varia de acordo com a intensidade/carga do exercício; o declínio relacionado à idade necessita de estratégias adaptadas (sarcopenia, alterações hormonais, conexão cérebro-músculo).(Kim et al., 2005; Peake et al., 2017; Damas et al., 2018)
Tecido Conjuntivo (Tendões e Ligamentos)Anaeróbico (alta intensidade, cargas explosivas)Dor aguda 48–72 h; remodelação estrutural semanas-meses (por exemplo, renovação do colágeno do tendão); longo prazo > 6 meses para adaptação significativa.Recuperação mais lenta; suscetível a lesões crônicas; renovação do colágeno muito limitada em tendões maduros (foco na adaptação, não no reparo rápido).(Bohm et al., 2015; Cook & Purdam, 2009; Shaw et al., 2017; Purdam et al., 2004; Malliaras et al., 2015)
Sistema Nervoso Autônomo (SNA)Aeróbico e Anaeróbico24–48 horas (até 24 h de baixa intensidade, 24-48 h de limiar, ≥ 48 h de alta intensidade aeróbica/HIIT)O equilíbrio do SNA é um indicador-chave de estresse e fadiga no treinamento; baixa VFC se correlaciona com riscos à saúde; a VFC reflete o estresse geral do estilo de vida.(Buchheit & Gindre 2006; Buchheit & Laursen 2014; Bellenger et al., 2016; Borresen & Lambert, 2009; Stanley et al., 2013)
Sistema Nervoso Central (SNC)Resistência anaeróbica de alta intensidade / exaustiva prolongadaMinutos a dias (20 minutos a vários dias; frequentemente 24-72 horas após um trabalho intenso)Diferente da fadiga muscular; pode persistir por mais tempo, levando a uma sensação de "abatimento"; impacta significativamente a coordenação motora.(Gandevia, 2001; Thomas et al., 2015; Meeusen et al., 2006; Kellmann et al., 2018; Kreher & Schwartz, 2012; Vaile et al., 2008; Issurin, 2010)
Sistema HormonalAeróbico e Anaeróbico24–48 horas (respostas agudas 48-72h pós-ER)As respostas endócrinas agudas normalizam em 24-48h; desequilíbrio prolongado sinaliza excesso de esforço; a relação T/C é um biomarcador poderoso para o equilíbrio anabólico-catabólico e o estado de recuperação.(Kraemer & Rogol, 2008; Urhausen & Kindermann, 2002; Cadegiani & Kater, 2017; Ho et al., 1988)
Sistema ImunológicoAeróbico (prolongado)Até 24 horas ("janela aberta" de suscetibilidade)O treinamento aeróbico de alto volume tem maior probabilidade de suprimir temporariamente a função imunológica; a "janela aberta" exige uma recuperação proativa e multifacetada.(Pedersen & Ullum, 1994; Gleeson, 2007; Walsh et al., 2011; Gleeson, 2016; Nieman, 1997; Walsh, 2019)
Função Vascular e EndotelialAeróbica e Anaeróbica (dependente da intensidade)~24 horas (moderado); mais longo (intenso); mudanças mais profundas em mesesO exercício regular beneficia a função endotelial, mas a intensidade excessiva pode prejudicá-la ("paradoxo do exercício"); intensidade moderada é ideal a longo prazo.(Green et al., 2017; Laughlin et al., 2008; Tinken et al., 2009; Corretti et al., 2002)

A conclusão mais importante dos dados da tabela é a variação significativa nos períodos de recuperação. Por exemplo, a fosfocreatina que alimenta um único sprint pode ser reposta em minutos, mas o reparo estrutural do tecido conjuntivo pode levar de 48 a 72 horas ou mais, e o sistema nervoso central, crítico para a velocidade, pode levar até 72 horas após esforços intensos. Um nadador pode se sentir "recuperado" após um dia de descanso, mas seu sistema nervoso central ainda pode estar significativamente fatigado por uma sessão intensa.

Essa realidade complexa, que envolve muitos cronogramas de recuperação diferentes, é precisamente a razão pela qual o modelo de intervalo agrupado é ineficaz. Esse modelo opera em um único cronograma para a logística, enquanto o corpo do atleta precisa gerenciar muitos cronogramas fisiológicos diferentes simultaneamente. Para gerenciar essa complexidade, o treinamento eficaz é frequentemente estruturado usando uma estrutura baseada em zonas. Essa estrutura esclarece o propósito fisiológico específico de cada conjunto de treinamento. Este princípio é a base para diferentes sistemas, como uma estrutura de 5 zonas para natação geral visando o condicionamento físico e uma estrutura de 9 zonas para atletas de natação competitiva mais detalhada. Ambas as estruturas são projetadas para combinar o estímulo do treinamento com o tempo de recuperação necessário.

As Três Escalas de Recuperação

Para ser eficaz, o treinamento deve ser planejado de acordo com os cronogramas biológicos do corpo. A recuperação do estresse do treinamento ocorre em três escalas distintas, mas sobrepostas:

  1. Descanso Intervalado (Recuperação Entre Repetições): Esta é a pausa entre os nados individuais dentro de uma única série. Para treinos de sprint de alta intensidade, o repouso passivo (em pé ou flutuando) é a maneira mais eficaz de repor a fosfocreatina (PCr). Para esforços de maior duração, uma recuperação ativa de baixa intensidade ajuda a remover subprodutos metabólicos dos músculos. Se esse período de repouso for muito curto, a PCr não consegue se regenerar o suficiente, a potência diminui drasticamente e a série não treina mais o sistema energético pretendido (Laursen & Buchheit, 2019).

  2. Repouso da Série (Recuperação entre Séries): Este é o período de repouso que separa diferentes blocos de trabalho dentro de uma única sessão de treinamento. Após um trabalho intenso que utiliza o sistema glicolítico, a atividade leve ajuda a eliminar o lactato mais rapidamente, o que ajuda o atleta a manter um alto nível de desempenho nas séries seguintes. Para séries focadas apenas na velocidade máxima, no entanto, o repouso passivo é melhor para manter o foco na potência máxima. Pular esse período de repouso faz com que a segunda metade do treino se transforme em natação aeróbica lenta e de baixa qualidade. Isso contraria o propósito original da sessão.

  3. Recuperação Sessão a Sessão (Recuperação Entre os Treinos): Isso inclui tudo o que acontece depois que os atletas saem da piscina, como nutrição, sono e movimentos de baixa intensidade. O microtrauma muscular, a redução das reservas de glicogênio e a fadiga neural de um treino podem durar vários dias; os marcadores de dano muscular podem atingir seu pico 48 horas após o treino. Se o próximo treino for planejado sem considerar esses cronogramas biológicos, os atletas treinarão antes que seus corpos se recuperem totalmente. A proteção contra isso é alcançada por meio de um planejamento semanal cuidadoso, por exemplo, não agendando dois dias de esforço máximo consecutivos e colocando sessões leves após as mais intensas.

Como esses diferentes sistemas se recuperam em ritmos diferentes — e como idade, genética, sono e nutrição influenciam cada cronograma — usar um horário de saída único e fixo para todos produz um resultado imprevisível. Por exemplo, dois nadadores que completam uma prova de natação de 100 metros em 60 segundos e 75 segundos chegarão à próxima largada com níveis muito diferentes de prontidão energética e neural, mesmo que o relógio de ritmo indique que estão seguindo o mesmo cronograma.

Enquanto o volume e a intensidade do treinamento fornecem o estímulo para a adaptação, o tempo de recuperação determina a qualidade do desempenho e o resultado do treinamento. Se você ignorar esses cronogramas de recuperação, o resultado será fadiga aleatória em vez de adaptação fisiológica direcionada.

Uma Abordagem Melhor: Da Prática Padrão ao Design Intencional

Devemos reconhecer os desafios reais que os treinadores enfrentam todos os dias. Com piscinas lotadas e tempo limitado, o intervalo de descanso combinado é, e continuará sendo, uma ferramenta útil para gerenciar a logística de uma sessão complexa. Ele garante que os nadadores continuem se movimentando e que as atividades planejadas para o treino sejam concluídas.

O objetivo não é eliminar esse método, mas redefinir seu propósito. Deve ser usado como uma ferramenta específica para um objetivo de treinamento específico — como uma série aeróbica que usa o relógio de ritmo para criar pressão — em vez de ser usado como o método padrão para todos os treinamentos.

Quando o espaço da piscina não é um fator limitante, quando os recursos estão disponíveis e quando a tecnologia pode ajudar a gerenciar a complexidade, priorizar a logística em detrimento da fisiologia prejudicará o desenvolvimento do atleta. Para objetivos como desenvolver potência máxima, aprimorar a técnica ou atingir vias anaeróbicas específicas, a necessidade fisiológica de um descanso preciso e individualizado deve ser mais importante do que a conveniência. É assim que o treinamento moderno deve evoluir. A tecnologia deve ser desenvolvida para ajudar os treinadores a equilibrar as demandas da fisiologia e da logística, sem adicionar estresse ou complexidade excessivos ao seu trabalho.

A personalização do descanso ainda é uma área nova e em desenvolvimento no treinamento, mas não precisamos de dados perfeitos para começar a agir. As recomendações a seguir são baseadas em princípios científicos e podem fazer do descanso uma verdadeira vantagem competitiva.

As 5 Principais Recomendações para Treinadores

  1. Prescreva o Descanso como uma Variável Separada: Em vez de escrever "10x100 em 1:50", prescreva "10x100 na Zona 3 + 30s de descanso". Este método isola o estímulo do treino para garantir que você esteja treinando o sistema energético pretendido. Também garante que os dados coletados sejam precisos, confiáveis e prontos para futuras ferramentas de treinamento.

  2. Adeque o Descanso ao Objetivo da Série: Use um descanso longo e passivo (2 a 5 minutos) para obter a velocidade máxima. Use um descanso mais curto (1 a 3 minutos) para desenvolver a capacidade anaeróbica. Use um descanso muito curto (menos de 60 segundos) para o treino aeróbico e de limiar.

  3. Treine o Atleta, Não Apenas o Plano: Seja um treinador responsivo. Ajuste o descanso com base no que você observa (como a quebra da técnica), no que você mede (como a frequência cardíaca ou a VFC) e no que o atleta comunica a você. Cada atleta é diferente e pode exigir uma abordagem diferente.

  4. Ensine a importância do descanso: Explique que o descanso é uma parte fundamental do treino que leva à adaptação, não apenas ao tempo de inatividade. Use analogias simples, como uma "bateria recarregada", para ajudar os atletas a entender e apoiar essa abordagem. Uma equipe informada será capaz de gerenciar seus próprios períodos de descanso corretamente.

  5. Planeje a recuperação em todas as escalas: Durante o treino, concentre-se nos detalhes do intervalo de descanso. Para a semana, considere o panorama geral e planeje um cronograma com os dias de recuperação adequados. Sempre promova os elementos essenciais da recuperação: sono, nutrição e hidratação.

5 principais recomendações para atletas

  1. Torne-se um especialista em seu próprio corpo: Preste atenção aos sinais do seu corpo, como a técnica inadequada quando você está cansado. Registre dados importantes, como seus tempos de natação e a qualidade do sono. Com o tempo, você verá padrões que revelam seu método pessoal para atingir o desempenho máximo.

  2. Entenda o propósito e, em seguida, execute o método: Entenda o objetivo de cada série (é para velocidade? Ou para resistência?). Em seguida, siga o período de descanso prescrito, pois ele foi projetado especificamente para esse objetivo. Executar o plano corretamente é mais eficaz do que treinar pesado sem um propósito específico.

  3. Domine a recuperação fora da piscina: A melhora real é alcançada no intervalo entre as sessões de treinamento. Domine sua recuperação concentrando-se consistentemente nos três elementos mais importantes: sono, combustível e hidratação.

  4. Descanse com um propósito: Não espere simplesmente pela próxima repetição. Use cada intervalo de descanso para preparar ativamente seu corpo e mente para a próxima natação. Você pode fazer isso respirando calmamente e concentrando-se em seu próximo objetivo técnico.

  5. Seu feedback é uma informação essencial: Diga ao seu treinador o que ele não consegue ver. Em vez de dizer "Estou cansado", forneça informações específicas como "Minha VFC está abaixo do normal e meus tempos de natação ficam muito mais lentos quando tenho apenas 15 segundos de descanso". Feedbacks específicos ajudam seu treinador a tomar decisões de treinamento mais inteligentes.

Observação_: Este artigo foi escrito originalmente em inglês. Ele foi traduzido para outros idiomas usando ferramentas automatizadas de IA para compartilhar essas informações com um público mais amplo. Tentamos garantir que as traduções sejam precisas e incentivamos os membros da comunidade a nos ajudar a melhorá-las. Caso haja diferenças ou erros em uma versão traduzida, o texto original em inglês deve ser considerado a versão correta.

Referências

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Diego Torres

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